CONFERÊNCIA SOBRE SÃO GREGÓRIO MAGNO # 2/3 - O CANTO GREGORIANO
novembro 23, 2019O CANTO GREGORIANO
A compilação e o estabelecimento na Igreja Católica do canto gregoriano são atribuídos a Gregório Magno, e é por isso que leva seu nome.
Este é utilizado na Igreja Católica para os ritos litúrgicos da Missa e os ofícios, como música requerido, até a primeira metade do século 20, quando o Concílio Vaticano II determinou que a Missa deveria ser oferecida na língua vernácula.
O abandono do latim também significou o abandono da música sacra gregoriana, porque o canto gregoriano se desenvolveu e se consolidou para a língua latina.
O canto gregoriano é o nome dado a uma tradição de cânticos planos e com uma linha melódica chamada monofonia, que evoluiu com diferentes modalidades e nomes desde o Antigo Testamento.
Os judeus usavam hinos, salmos e respostas às suas orações com uma entonação cantada.
Inclusive exitem evidências no Novo Testamento que Jesus e os discípulos cantaram, e, certamente, a música que eles usaram era um estilo muito semelhante ao estilo que hoje é chamado gregoriano.
No Novo Testamento, é mencionado em Mateus 26,30, que no final da última ceia, Jesus e os discípulos cantaram hinos e depois partiram para o Monte das Oliveiras.
A primeira peregrinação a da Terra Santa dos quais temos conhecimento, a monja Etheria, relatou no ano 385 d.C. que os cristãos usavam música usada para os hinos, salmos e respostas.
E a música disponível naquela época era simples.
Os estudiosos dizem que, na realidade, o que Gregorio Magno fez foi a compilação de diferentes tipos de músicas para ordenar as celebrações.
João, o diácono, biógrafo de São Gregório Magno, argumenta que o papa compilou um antifonário a partir de diversas fontes.
Alguns até descrevem este como uma síntese do canto romano, do canto Galicano, do Canto Ambrosiano e outros.
É também conhecido dois livros escritos por ele sobre compilações de cânticos são conhecidos : Antiphonarium e Graduale Romanum.
Seu objetivo era organizar as várias tradições em um sistema ordenado para a liturgia ocidental da Igreja.
E ele também criou academias de canto (Schola Cantorum).
Ele então começou a consolidar esse tipo de música como base da liturgia, que foi então mais claramente desenvolvida na Europa Ocidental e Central nos séculos IX e X.
Isso é atribuído ao papa Gregório II (1), cujo pontificado foi de 715 a 731.
Com o tempo foi se consolidando como o estilo de música coral típica de ordens religiosas e monásticas.
Além das sofisticações, como músicas melismáticas (2), o canto gregoriano silábico é uma música vocal em que as frases e as palavras são entonadas de modo silábico por meio de um canto em reto tom.
Pode ser tão simples quanto falar cantando ou incrivelmente avançado e complicado, como pode ser ouvido em alguns coros gregorianos.
Embora a música nas massas atuais use melodias e ritmos de gênero popular, o canto da missa por excelência segue sendo o gregoriano.
Mesmo nas grandes celebrações das paróquias, os próprios padres criam pequenas frases cantadas em gregoriano e pedem uma resposta ao povo também cantado em gregoriano.
NOTAS
[1] Gregório II nasceu em Roma em 669. Foi eleito papa em 19 de maio de 715, São Gregório II governou a igreja católica durante dezesseis anos. Foi feito subdiácono e sacelário (tesoureiro) da Igreja Romana pelo Papa Sérgio I. Este papa confiou-lhe também o cuidado da biblioteca papal. Quando se tornou diácono, já tinha dado sinais de carácter e inteligência superior, pelo que foi escolhido pelo papa para o acompanhar a Constantinopla para debater os cânones do Concílio Quinissexto com o truculento imperador Justiniano II. A confiança do papa não foi defraudada, pois o diácono Gregório «pelas suas respostas admiráveis», resolveu todas as questões levantadas pelo imperador. Com ele teve início o verdadeiro poder temporal dos papas. Seguiram-se as desavenças com o imperador do Oriente que num concílio ordenou a destruição de todas as imagens sacras. Este Papa é o principal responsável pela intensa obra de evangelização das populações germânicas - nomeou Bonifácio bispo da Germânia (722) e combateu os iconoclastas (727–731), seita que conseguiu expulsar. Procurou consertar as muralhas de Roma, por temor dos muçulmanos. Morreu em 11 de fevereiro de 731, foi canonizado - Acesso em 25.11.2019).
[2] Melisma em música é a técnica de transformar a nota (sensação de frequência) de uma sílaba de um texto enquanto ela está a ser cantada. A música cantada neste estilo é dita melismática, ao contrário de silábica, em que cada sílaba de texto corresponde a única nota. A música das culturas antigas usavam técnicas melismáticas para atingir um estado hipnótico no ouvinte, útil para ritos místicos de iniciação (Mistérios Eleusinianos) e cultos religiosos. Esta qualidade ainda é encontrada na música contemporânea hindu e muçulmana. Na música ocidental, o termo refere-se mais comumente ao Canto gregoriano, mas pode ser usado para descrever a música de qualquer gênero, incluindo o canto barroco e mais tarde o gospel. Aretha Franklin, Whitney Houston e Mariah Carey são consideradas as melhores empregadoras modernas desta técnica (cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Melisma - Acesso em 25.11.2019).
(Continua...)
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