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LECTIO DIVINA: O ANTÍDOTO PARA A COBIÇA - (EX 20.17)

novembro 17, 2020


O ANTÍDOTO PARA A COBIÇA

Por Fabio José da Silva

Escuta:

Não cobicem a casa do próximo, nem sua esposa, seu escravo, sua escrava, seu boi ou jumento. Não ponham o coração em nada que pertencem ao próximo (Êxodo 20.17).

 


Pensar:

Quanto mais as pessoas têm, mais elas desejam ter” (São Justino).

Tendo em vista esta pequena máxima de São Justino, vemos que em nossos dias ela é muito atual, haja visto que a maior parte das pessoas ainda vivem inclinadas a uma vida pautada nos vícios e não nas virtudes. Entretanto, muitos nem se dão conta de que estão vivendo deste modo, por conta de uma formação precária que receberam em sua catequese ou porque também não se empenharam em conhecer mais profundamente a sua fé. Mas então, como podemos estabelecer uma distinção entre os vícios e as virtudes, afim de que possamos viver uma vida virtuosa? O Catecismo da Igreja Católica, nos apresenta a seguinte definição:

Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo São João Cassiano e São Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, a inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia (CIC 1866).

Dentre os vários vícios apresentados nesta definição apresentada pelo CIC, queremos nos deter hoje especialmente no vício da cobiça, que é considerada a mãe de muitos outros vícios e que tem escravizado muitas pessoas em sua jornada espiritual.

Mas afinal de contas, como podemos definir este vício? De modo bem simples,

cobiçar é desejar ter o que o outro possui. Vai muito além de simplesmente admirar o bem de outra pessoa ou pensar: ‘Eu gostaria de ter um destes". A cobiça inclui a inveja, que é ressentir-se do fato de outros terem o que você não tem. Deus sabe, porém. que adquirir bens não faz ninguém feliz por muito tempo (BEERS, 2003: 112).

O veneno da cobiça é mortal e mata milhares de pessoas espiritualmente todos os dias. Não podemos brincar com um pecado tão pernicioso e prejudicial. Ela atinge ricos e pobres, velhos e jovens, religiosos e ateus. Este é um mal enraizado nas profundezas escuras do coração humano. Tendo em vista todos estes aspectos, é importante ressaltarmos que

um cristão deve aprender a distinguir as ambições razoáveis dos desejos insensatos e injustos, adquirindo uma atitude interior de respeito pelos bens alheios [cf. CIC 2534-2537, 2552]. Do desejo voraz resultam a avareza, o roubo, o furto, a fraude, a violência, a injustiça, a inveja e a ânsia desmedida pela posse da riqueza alheia (YOUCAT, 465).

Dentre as “filhas” da cobiça apresentadas acima, podemos destacar a avareza e a ganância, pois, elas estão entre os sentimentos mais devastadores que afetam nosso relacionamento com Deus e nos afastam enormemente da sua presença. Ambas são um câncer silencioso que possui um poder altamente destrutivo.

Mas afinal de contas, já que este vício é equiparado a uma doença espiritual, você pode estar se perguntando: Existe um antídoto para a cobiça?

O único antídoto para a cobiça é um novo coração transformado pela Palavra de Deus. E é que as Escrituras são a arma mais poderosa que existe e existiu para realizar essa transformação, porque é o principal meio pelo qual o Senhor nos fala, nos corrige e nos orienta na direção em que podemos glorificá-Lo.

É a Palavra e a sua ação prática na oração, o guia pelo qual o homem pode expressar sua gratidão e satisfação por tudo o que lhe foi concedido pelas mãos misericordiosas de Deus, “uma vez que somente Deus pode prover todas as nossas necessidades, a verdadeira satisfação só é encontraremos nEle (BEERS, 2003: 112).

Contudo, o que devemos fazer quando a cobiça bate à nossa porta?

Quando você estiver dando lugar à cobiça, tente averiguar se uma necessidade mais básica o está levando à inveja. Por exemplo, você pode cobiça o sucesso de alguém não porque queira tirá-lo de outra pessoa, mas por desejar também sentir-se apreciado por outros. Sendo este o seu caso. ore para que Deus o ajude a lidar com o seu ressentimento e atenda às suas necessidades básicas (BEERS, 2003: 112).

É importante notar, entretanto, que o mandamento sagrado do versículo de hoje não condena o desejo legítimo de possuir e conquistar algo como fruto da bênção e da obra de Deus.

O que se combate, à luz desta afirmação divina, é o problema da ganância, da inveja, dos desejos impuros desenfreados e, sobretudo, do sentimento ou atitude de ingratidão para com o nosso Deus.

Peçamos que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos faça viver felizes e gratos por tudo o que Ele nos concede, bem como pelas bênçãos que nossos semelhantes também recebem.

Por fim, lembre-se sempre que

Deus não ama os outros mais do que a mim. Ele tem um carinho especial para cada um de nós, e não é nada sábio se guiar pelos outros, querendo coisas ou pessoas que não nos pertencem (KEPLER, 2019: 147).


Orar:

Senhor, tira do meu coração qualquer desejo impuro de ganância, inveja que possa existir ou ressurgir em mim por qualquer situação. Substitua esses sentimentos por gratidão por Sua imensa provisão e alegria pelas bênçãos de outras pessoas ao meu redor. Amém


Referências:

BEERS, Ronald A., editor. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro, CPAD, 2003.

Catecismo da Igreja Católica. 4ª ed., São Paulo, Loyola, 1993.

KEPLER, Karl H., editor. Bíblia de Estudo Conselheira. Barueri, SBB, 2019.

PETERSON, Eugene H. Bíblia de Estudo A Mensagem. São Paulo, Editora Vida, 2014.

YOUCAT, Igreja Católica Brasil. Catecismo Jovem da Igreja Católica. São Paulo, Paulus, 2011.




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authorOlá, meu nome é Fabio José da Silva. Sou Blogueiro, Católico formado em filosofia e teologia. Meus assuntos de interesse neste blog são: Espiritualidade, Vida Monástica, Hesicasmo, Filosofia, Teologia e Catequese. PAX!!!
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