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CONFERÊNCIA SOBRE AS TÁTICAS DO INIMIGO NO COMBATE ESPIRITUAL # 4: DESPRESTIGIAR A LITURGIA

novembro 10, 2019


CONFERÊNCIA SOBRE AS TÁTICAS DO INIMIGO NO COMBATE ESPIRITUAL

Táticas do Inimigo # 4: Desprestigiar a Liturgia

Nesta quarta tática do inimigo vamos explorar como ele constantemente encontra maneiras diferentes para nos afastar da presença de Deus. Examinaremos como o diabo nos tenta com a falsa noção de que nossa alma não é afetada pelas ações de nosso corpo, especialmente quando se trata de orar e adorar a Deus na liturgia.
Satanás conhece nossa natureza. Ele sabe que somos humanos e isso é um fato que muitas vezes esquecemos ou negamos.

Corpo e Alma

Somos humanos e isso significa que somos um composto corpo-alma. Durante nossa vida na terra, nossos corpos e almas estão unidos. No momento da morte, nosso corpo é separado da alma, mas será reunido no Juízo Final. Isso parece uma simples lista de fatos que todos conhecem, mas um grande número de pessoas vive como se não tivesse um ou outro, ou vive como se o corpo não tivesse relação com nossa alma.
Uma heresia muito comum é a crença de que nossa alma está de alguma forma "presa" dentro de nosso corpo. Esta é uma heresia que assumiu diferentes formas ao longo dos anos, mas tudo se resume à percepção de que nosso "corpo é ruim" e nossa "alma é boa". Coloque essa heresia em prática e qualquer coisa "espiritual" (como a oração) ser totalmente divorciado do corpo (que é contaminado e mal).
O demônio Screwtape nos dá um exemplo dessa heresia enquanto dá o conselho ao seu aprendiz de tentador,
No mínimo, (os seres humanos) podem ser persuadidos de que a posição corporal não faz diferença em suas preces; pois eles constantemente se esquecem, algo que tu deves sempre lembrar, que (os seres humanos) são animais e que tudo o que os seus corpos fazem afeta suas almas. (LEWIS, 1996: p. 24, ênfase adicionada)
De acordo com Screwtape, ele preferiria que o “paciente” rezasse de forma "espiritual" e desencarnada, do que ajoelhando-se diante de Deus, proferindo uma oração que usa os sentidos de seu corpo. Nós vemos o diabo procurando separar o que é unido. Ele está tentando nos afastar da adoração que envolve todos os nossos sentidos, pois ele sabe que nosso corpo tem grande influência sobre nossa alma.
Como discutimos acima, somos uma unidade corpo-alma. O que fazemos com nosso corpo tem um impacto direto em nossa alma. Essa unidade permite que todos os nossos sentidos se envolvam em oração (visão, audição, paladar, som, tato) e ajuda nossa alma a ser elevada a Deus.

Sinais Litúrgicos, Símbolos e Gestos

Infelizmente, por causa dessa tática inteligente do diabo, é fácil demais perdermos a beleza de todos os gestos e sacramentais como, a água benta, a música, o incenso e as vestimentas usadas na oração pública da Igreja. Podemos ser tentados a retirar tudo isso em favor de um tipo de oração mais "espiritual" ou que a nossos olhos pareça ser mais "santa". Podemos até considerar esses aspectos da liturgia da Igreja como "distrações". Ou, podemos ver todos esses requisitos exteriores e ficar confusos, pensando que parece que temos que passar por todos esses obstáculos para que nossas orações "funcionem".
Essas noções falsas levaram inúmeros homens e mulheres em todas as épocas a dispor de aspectos visíveis da liturgia. Em suas perspectivas (protestantes) todos os movimentos e coisas materiais usados na oração pública pareciam inúteis; eles não serviram a um propósito "espiritual" e realmente impediram a oração "verdadeira". (Como nota, há certas ações exteriores que nos impedem de orar, contudo, cabe ao Magistério da Igreja discernir quais formas de adoração são apropriadas. ).
Isso não é algo novo na Igreja e todas essas tentações existem há séculos. A chave é lutar e estudar e compreender por que a Igreja manteve todas essas ajudas externas à oração.
Antes de tudo, o Catecismo da Igreja Católica nos lembra que a oração envolve muito mais que nossa alma, portanto, seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que reza (CIC 2562).
Por causa dessa unidade, as formas públicas de adoração da Igreja contêm numerosos elementos que são visíveis e envolvem nossos sentidos corporais. O Catecismo nos ensina:
Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos. Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dos sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura humana, adquire precisão nos eventos da antiga aliança e se revela plenamente na pessoa e na obra de Cristo (CIC 1145, ênfase adicionada).
Sinais do mundo dos homens. Na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de sinais e de símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de símbolos para comunicar-se com os outros, pela linguagem, por gestos, por ações. Vale o mesmo para sua relação com Deus (CIC 1146, ênfase adicionada).
Deus fala ao homem por intermédio da criação visível. O cosmos material apresenta-se à inteligência do homem para que este leia nele os vestígios de seu Criador. A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore es os frutos falam de Deus, simbolizam ao mesmo tempo a grandeza e a proximidade dele (CIC 1147, ênfase adicionada).
Enquanto criaturas, essas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens, e da ação dos homens que prestam seu culto a Deus. Acontece o mesmo com os sinais e os símbolos da vida social dos homens: lavar e ungir, partir o pão e partilhar o cálice podem exprimir a presença santificante de Deus e a gratidão dos homens diante do seu Criador (CIC 1148, ênfase adicionada).
Como podemos ver, a Igreja Católica não tem "rituais vazios". Cada ritual tem um significado específico e um propósito que é projetado para nos levar à adoração de nosso Criador. Entretanto, a Igreja tem "rituais completos" que enchem a alma de uma pessoa até a borda. Precisamos desses sinais e símbolos para nos auxiliar em nossa oração, que corresponde ao núcleo do nosso ser.
Trata-se de uma questão de relacionamento, sendo assim, vamos usar o casamento como uma analogia. No casamento, o casal precisa expressar seu amor e gratidão de maneira vocal e física. As esposas sabem disso melhor que os maridos. As esposas possuem mais necessidade de saber que seus maridos as amam. Simplesmente dizer "amo você!" quando sair pela porta ou adicionar "bjs" ao final de uma mensagem de texto não é suficiente. A desculpa "ela sabe que eu a amo, então não preciso dizer a ela", muitas vezes termina um ano depois em divórcio ou resulta em um casamento que somente se rasteja por décadas.
Todos nós temos esse desejo interior de sermos amados e testemunharmos esse amor de uma maneira muito real e tangível. Por outro lado, também temos esse desejo de expressar nosso amor por outra pessoa de uma maneira real e tangível. Quem já namorou sabe disso. É certamente muito bom e agradável sair com alguém ou conversar com eles na Internet, mas é muito mais desejável encontrá-los pessoalmente, falar ao telefone ou dar as mãos.
Conforme o tempo avança, você passa do "gostar" de alguém para um nível mais alto, ou seja, o amor, e consequentemente irá declarar seu amor verbalmente. Um exemplo, o dia dos namorados chega e sua namorada realmente quer que você compre uma dúzia de rosas e uma caixa de chocolates. Não é tanto sobre os materiais que você dá a ela e sim o que eles simbolizam. Então, chega o dia em que você percebe que ela é "a única" e escolhe um anel. Você pensa em um plano elaborado para propor a ela e fazer a pergunta enquanto estiver de joelho. Por fim, você se casa e usa esse anel pelo resto de sua vida, sabendo que é um sinal constante de seu amor um pelo outro. Durante todo o relacionamento, você está expressando seu amor de maneiras visíveis que envolvem todos os sentidos.
Precisamos de sinais, símbolos e gestos em nossos relacionamentos humanos, então por que não ter o mesmo em nosso relacionamento com Deus?
Nossa alma não pode deixar de expressar a Deus seus sentimentos, esperanças e sonhos de maneira física. Seja ajoelhado, fazendo o sinal da cruz, acendendo velas ou de pé com as mãos erguidas para o céu, precisamos preservar essas ações exteriores, porque elas são expressões de nossa alma. O diabo vai tentar ao máximo nos afastar deles porque ele sabe o quanto precisamos deles. Lembre-se, nós temos corpo e alma e eles não devem ser separados.
Ponto de partida # 4: Vamos olhar novamente para esta passagem do Catecismo, "Sendo o homem ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de sinais e de símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de símbolos para comunicar-se com os outros, pela linguagem, por gestos, por ações. Vale o mesmo para sua relação com Deus (CIC 1146).
(Continua...)


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authorOlá, meu nome é Fabio José da Silva. Sou Blogueiro, Católico formado em filosofia e teologia. Meus assuntos de interesse neste blog são: Espiritualidade, Vida Monástica, Hesicasmo, Filosofia, Teologia e Catequese. PAX!!!
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