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A VOCAÇÃO LEIGA: CATEQUISTA

agosto 26, 2019



A Vocação Leiga: Catequista


Vós fostes chamados à liberdade, irmãos. Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros (Gl 5, 13).

Agosto é o mês das vocações. Mas o que é uma vocação? Vocação é um chamado. Deus chama, caro leitor. Primeiro, ele nos chamou à vida. Essa é nossa primeira vocação. No entanto, o chamado de Deus não se resume apenas a isso. Uma vez vivo, é necessário buscar o caminho com o qual reencontraremos a Deus na eternidade, já que viemos dele e a Ele voltaremos, se quisermos, obviamente. Daí as vocações específicas, a sacerdotal, a matrimonial, a religiosa e a leiga. Vejamos cada uma dentro do mês vocacional.

No primeiro domingo, celebramos as vocações sacerdotais – o dia do padre. No segundo domingo, celebramos as vocações matrimoniais – o dia dos pais. No terceiro domingo, por sua vez, as vocações religiosas – os nossos queridos irmãos e irmãs consagrados – monges e monjas, freis e freiras, os religiosos. São as vocações mais lembradas. Mas não são somente essas. Não menos exigente, no último domingo do mês das vocações celebramos a vocação leiga. Mas quem é esse sujeito, o leigo?

O leigo é, antes de tudo, um fiel corajoso. Ele certamente conseguiu sair de si mesmo e por algum motivo – eles variam – dedicou um pouco do tempo para o serviço de Deus. E tempo, amigos, é algo muito precioso. Parece que o dia deveria ter, pelo menos, mais umas doze horas, não é?
O que o leigo faz? De tudo. Isso mesmo. Ele(a) é aquele sujeito solteiro(a), viúvo(a), gente boa – com ou sem paciência, porque, convenhamos, somos leigos corajosos, mas somos humanos também e nem sempre nosso dia é bom – que faz tudo. Isso mesmo, tudo. Ele está coordenando grupos de oração, auxiliando o padre na missa, nos diversos ministérios da Igreja e, finalmente, na catequese. Falemos sobre os catequistas, até porque, essa parte eu posso dar meu testemunho: sou catequista.

Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois, e os enviou dois a dois à sua frente a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. E dizia-lhes: A colheita é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para sua colheita (Lc 10, 1-2).

Sem medo de exageros, a catequese é, sim, o motor da Igreja, posto que é neste lugar onde se transmite e se aprofunda a Boa Nova, o Evangelho. Ninguém nasce sabendo quem é Jesus ou o porquê Dele ser importante. Mas, é importante que se diga, esse processo de aprendizagem é iniciado já no ventre materno e os pais são os primeiros catequistas da criança.

A catequese propriamente dita e popularmente conhecida, nas salas de catequese, é apenas um coadjuvante. Coadjuvante necessário, porque é tarefa do catequista levar essa criança a um amadurecimento na fé. Reitera-se, este é um outro aspecto interessante a ser levantado: a família é catequética! Os pais são os primeiros catequistas e personagens de destaque na educação religiosa da criança.

Percebe-se, portanto, que a transmissão da fé é tarefa primeiramente, da família, que tem continuidade e aprofundamento nas salas de aula da catequese. É lá onde a criança tem um contato mais profundo com Cristo e onde ela exercita seus sentidos, inteligência, vontade e memória a reconhecê-lo nos irmãos e nas diversas situações que ele vivenciará.

Esta aprendizagem, obviamente, não é descuidada da metodologia de ensino, observando-se a fase da vida do catequizando, se criança, adolescente ou adulto, de modo a utilizar dinâmicas e atividades pedagógicas diversas para a transmissão da Sagrada Mensagem. Além disso, é nesta oportunidade onde se percebe os primeiros sinais das vocações individuais e se incentivam os encontros vocacionais.

E, voltando-se para os discípulos, disse-lhes a sós: Felizes os olhos que veem o que vós vedes! Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vós vedes, mas não viram ouvir o que ouvis, mas não ouviram (Lc 10, 23-24).

Sendo assim, catequizar é desvendar o próprio Amor – Deus – para os catequizandos, ou melhor, é conhecer e fazer conhecer o próprio Deus que habita em si e no coração dos irmãos sem sentimentalismos ou ideais românticos, além de ensinar a esperá-Lo e a viver os Sagrados Mistérios. Também é momento de se fazer compreender que nem sempre haverá respostas para todas as perguntas, mas a certeza de que um dia, na Jerusalém Celeste, tudo será revelado.

Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam a rede ao mar pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde em meu seguimento e eu farei de vós pescadores de homens. E imediatamente, deixando as redes, eles os seguiram (Mc 1, 16-18).

Falemos agora, sobre essa pessoa em particular: o catequista. Antes de tudo, ninguém nasce catequista. Trata-se de uma vocação que é fruto do relacionamento íntimo com Deus, ou seja, ser catequista leva tempo e é tarefa exigente. Exigente porque constantemente o catequista será colocado em cheque: por si mesmo, enquanto prepara seus encontros catequéticos, pelos catequizandos com suas dúvidas, pelos colegas catequistas, secretários paroquiais e pelo pároco, na convivência ou durante as formações e pela comunidade, no dia a dia.

É possível pensar que essa suposição é exagerada, mas não é. Isso porque, conforme assinalou o próprio Papa Francisco, o(a) catequista É, e o Ser não tem tempo, ele é eterno. Do mesmo modo como um coração não pode deixar de bater, o catequista não deixa de sê-lo quando o encontro termina e ele vai para casa, pelo contrário. Como já dito acima, trata-se de uma vocação intimamente ligada com o relacionamento com o próprio Deus e o desbravar de si mesmo. É um descobrir do amor.

E tal descoberta é tão fantástica que é praticamente impossível guardar essa mensagem para si mesmo, daí surge a vontade de passar essa mensagem preciosa adiante, o que convencionou-se chamar de “chamado”. Ele é absolutamente irresistível e, não raro, mesmo assim encontra resistência da família, do trabalho, da preguiça e do medo.

O Pai chama de diferentes formas: pode ser por meio daquele irmão que já atua na comunidade, pelo pároco que é inspirado a fazer o convite genérico após a missa ou mesmo por meio da ciência infusa do Espírito Santo, que convoca seus filhos diretamente, dilatando seus corações e impulsionando-os a saírem de suas zonas de conforto e divulgarem a Boa Nova.

Daí em diante, percebe-se que já não se trata mais de você, mas dos outros. Isso mesmo. Quando se sente esse impulso irresistível do amor, resultado da compreensão e esforço na vivência do Evangelho, é quando se inicia o contato mais íntimo com o Cristo, nos irmãos catequizandos. É quando vivenciamos as dificuldades pessoais deles e as nossas próprias e onde, ao mesmo tempo, vemos a Graça se realizar. Deus capacita os seus.

É onde, também, vemos o quanto somos contraditórios. Queremos a salvação sem dúvida, mas fraquejamos ao menor sinal de dificuldade. Percebemos como o nosso sim ainda é tímido e pronunciado baixinho. O catequista vê isso nele mesmo e nos seus catequizandos, e, curiosamente, procura incentivá-los a enfrentar seus próprios conflitos internos para que tenham coragem de dar suas próprias respostas ao chamado particular de Deus para eles, com coragem.

Não bastasse isso, durante esse processo, ele deve transpor barreiras ou desafios externos. E esses desafios da catequese são muitos é verdade. Por exemplo, a sociedade moderna está secularizada e há uma tendência por parte de alguns fiéis a seguirem opostos extremos: ou a prática da fé baseada em antigos costumes mas com demasiado apego a normas, prescindindo da centralidade do Evangelho que é o Amor ou o desleixo, a fé adaptada ao bel prazer do fiel, onde se observa uma certa “seleção” do que será observado: o “católico” escolhe da doutrina da fé – o pouco que sabe, pelo menos – aquilo que lhe convém.

Todavia, o Catequista pode – e deve – contar com a Graça Divina para conduzir seus catequizandos no caminho. Esse é outro aspecto importante a ser levantado: a vida de oração. O catequista não pode esquecer Quem de fato comanda todo o processo, que é o próprio Deus. Rezemos para que Ele continue alimentando nossos corações com a vontade para continuarmos nessa árdua e encantadora caminhada.

Que Ele abençoe você, Leitor. Saiba que Ele te chama também. Seja catequista.


Pax!


POR JAQUELINE THAÍS DE SOUZA, DE TOLEDO/PR
LEIGA, CATEQUISTA, ADVOGADA, AMIGA DO MOSTEIRO DA RESSURREIÇÃO E COLABORADORA DO BLOG PENSAMENTOS MONÁSTICOS. 

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authorOlá, meu nome é Fabio José da Silva. Sou Blogueiro, Católico formado em filosofia e teologia. Meus assuntos de interesse neste blog são: Espiritualidade, Vida Monástica, Hesicasmo, Filosofia, Teologia e Catequese. PAX!!!
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