O TEMPO DE DEUS
Por Fabio José da Silva
Escuta:
Disse-lhe o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome, Ismael, porquanto o Senhor ouviu a tua aflição. (Gênesis 16.11)
Pensar:
A paciência parece não ser uma das características mais marcantes de nossa sociedade hoje. O mundo está cada vez mais agitado pela velocidade de obtenção de resultados rápidos. Portanto, não é de se estranhar que muitas vezes nos sentimos frustrados ou passamos maus momentos, se nossa oração não for atendida, quase imediatamente por Deus.
Diante dessa realidade, devemos ter em mente que, ao recusarmos uma atitude consciente de espera, estamos fazendo a opção segura de nos afastarmos do projeto que o Senhor tem para nossa vida naquele momento.
A passagem de hoje conta como Abrão e Sarai (mais tarde Abraão e Sara) resolveram seu clamor com suas próprias mãos, rejeitando de certa forma o tempo de Deus (cf. BEERS, 2003: 33).
[...] Abraão já estava em Canaã havia dez anos, e as possibilidades do cumprimento se tornavam mais remotas a cada dia que passava. Sara já estava dez anos mais velha do que quando a promessa fora feita pela primeira vez e ainda não tinha filhos. Pela lógica humana, não havia solução, mas havia uma saída. A lei antiga contemplava a possibilidade de Sara ter um filho por procuração, por meio de sua serva Hagar. Parecia ser a única saída, e Abraão concordou com esse arranjo. Mas, quando quando Hagar descobriu que estava grávida, passou a desprezar Sara, e a tensão entre as duas mulheres aumentou. O choque foi inevitável, e o arranjo se mostrou insustentável; Hagar fugiu para o deserto. A promessa permaneceu sem cumprimento e as tentativas humanas de fazê-la se cumprir só causaram dor de cabeça, não apenas para a geração de Abraão, mas também para as gerações posteriores (PETERSON, 2014: 23)
Tempo depois Sara finalmente deu à luz na velhice, conforme Deus lhe havia prometido, entretanto, essa falta de paciência gerou uma grande luta para sua família e que tem consequências até hoje. Grande parte da tensão no Oriente Médio pode ser atribuída a dois grupos de pessoas: os descendentes de Hagar e Sara.
Podemos aqui nos perguntar: Por que que um casal piedoso escolheria o caminho da autossuficiência?
1) Primeiro, o desejo intenso de Sarai turvou seu pensamento. Ela queria desesperadamente dar um filho ao marido, que era a base do valor das mulheres naquela cultura.
2) Então ele sucumbiu ao pensamento errado. Depois de anos sem filhos e com saudades, ela começou a pensar que talvez o Senhor precisasse de ajuda humana.
3) Por fim, ele influenciou Abrão a acreditar nesse raciocínio errado, e os dois cederam à impaciência.
Partindo destes três princípios apresentados acima, vemos que o erro o grande erro deste casal foi que
[...] Sarai se desvia da promessa de Deus, engendrando uma situação que chega perto da perversão. Com isso, podemos ver também emocionalmente uma situação: ela entrega a serva para não se entregar a si mesma. Barreiras biológicas, psicológicas e sociais interferem e moldam a nossa existência (KEPLER, 2019: 42).
As armadilhas em que Abrão e Sarai caíram representam hoje o mesmo perigo dos tempos anteriores: sucumbir ao desejo de autossuficiência, à própria habilidade ou perícia e até mesmo à influência de outros. Poderíamos justificar uma opção com nossas próprias forças, vítimas de querer resultados imediatos e ceder à impaciência.
Neste caso. o tempo foi a maior prova para testar a disposição de Abrão e Sarai de permitir que Deus trabalhasse em suas vidas. Algumas vezes, nós também precisamos apenas esperar. Quando pedimos qualquer coisa a Deus e precisamos aguardar, somos tentados a tomar os problemas em nossas próprias mãos e interferir nos planos de Deus (BEERS, 2003: 27).
Enfim qual o melhor conselho para não aderirmos a esta mesma atitude deste casal? O melhor conselho é estar sempre atento para ouvir, pronto para obedecer e com o coração pronto para esperar. O tempo de Deus é perfeito e a última coisa que podemos desejar é perder o melhor Dele.
Orar:
Senhor, afasta do meu coração os sentimentos de auto-suficiência, que podem me levar a perder a capacidade de esperar em Ti. Sei que na adversidade posso hesitar, mas dá-me a confiança de saber que tu estás aí, ouvindo o meu clamor e pronto para me responder, nos teus momentos perfeitos. Amém
Referências:
PETERSON, E. Bíblia de Estudo A Mensagem. São Paulo: Editora Vida, 2014.
KEPLER. K. Bíblia de Estudo Conselheira. Barueri: SBB, 2019.
BEERS, R. Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.