banner

LECTIO DIVINA: O SENTIDO DA ADVERSIDADE - (1Pedro 4.12-13)

novembro 12, 2020

 


O SENTIDO DA ADVERSIDADE

Por Fabio José da Silva

Escuta:

 

Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria (1 Pedro 4. 12-13).




Pensar:

 

Qual é o significado dos tempos difíceis em nossas vidas? O que Deus está tentando fazer? O que ele está tentando nos ensinar? O Apóstolo Pedro quando escreveu esta carta ele a destinou aos eleitos de Deus e peregrinos, ou seja, “pessoas que residiam temporariamente na terra, mas cujo lar está no céu (cf. 1 Cr 29.15; Sl 39.12; Hb 13.14) (BARKER, 2003: p. 2127). 

Entretanto, o fato de sermos eleitos por Deus, não quer dizer que não passaremos por adversidades, tanto que nesta pequena perícope ele nos exorta que quando a vida ficar realmente difícil, não devemos pensar que Deus não está no comando. Em vez disso deveríamos nos alegrar, pois somente estamos passando por um processo de refinamento espiritual, logo, se o cristão deve ser um outro Cristo, sendo assim não devemos esquecer jamais que o próprio Cristo passou por sofrimentos (cf. PETERSON, 2014: p. 1537).

Nesta perspectiva ressalta o Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD, que 


o Filho de Deus veio ao mundo e salvou os homens assumindo a sua natureza passível, com a qual espiou seus pecados e santificou, no sofrimento, todas as dores da humanidade. Para se poderem encontrar com Ele, os homens devem, por sua parte aceitar o sofrimento. Mas o sofrimento do cristão não pode resolver-se numa resignada paciência, como que forçada por que não pode evitar-se. À imitação de Cristo, a paciência cristã é uma aceitação livre daquilo que, na vida, crucifica em amorosa conformidade com a vontade de Deus por meio desta adesão voluntária, o cristão assemelha-se a Cristo paciente e o seu sofrimento torna-se participação no mistério de Cristo. A paciência, assim entendida não envilece o homem, não o transforma em escravo de situações dolorosas, das quais não sabe ou não pode libertar-se, mas torna-o capaz de voluntariamente abraçar qualquer sofrimento que Deus permite na sua vida, com disponibilidade de amor, de União a Cristo crucificado e ressuscitado (MADALENA, 1993: p. 252).

 

Os sofrimentos e as adversidades não devem ser para o cristão uma causa de vergonha, mas antes de tudo um motivo para glorificar a Deus de modo que 


Deus quer o bem de seus filhos e a eles oferece a vida em abundância. Não há nenhum fundamento para que o cristão busque o sentido de sua vida no sofrimento - isso seria masoquismo, não cristianismo. Estes versos falam do choque entre os valores do Reino de Deus e os seculares; ou seja, uma tensão inevitável e que às vezes nos faz "co-participantes dos sofrimentos de Cristo" (ver. 13). Mas isso não é algo que se busca: quando Deus quiser permitir, acontecerá, e então será utilizado para suas bênçãos (KEPLER, 2019: p. 1979).

 

As provações da vida são um dos melhores meios pelos quais aprendemos muito mais sobre nós mesmos, ou seja, mediante elas começamos:

  1. A ter compaixão, sabendo nos colocar no lugar de quem já passou por onde já estivemos;

  2. Esperar com paciência;

  3. O quanto isso é valiosa a esperança e como por meio dela podemos fortalecer e nutrir nossa fé no Senhor.

Em alguns momentos de nossa vida Deus permite que sejamos conduzidos ao fim de nossos recursos para que possamos descobrir a vastidão dos seus. 

Não ouvimos muitos sermões ou pregações sobre quebrantamento hoje, mas em todos os quatro evangelhos Jesus nos ensinou a negar a nós mesmos, tomar nossa cruz diariamente e segui-lo. Não conheço nenhuma maneira indolor de morrer para nós mesmos, isto é, abandonar velhos e maus hábitos e perseguir o ideal que o Senhor espera de nós, que pelas circunstâncias prementes da vida, da angústia, da adversidade. Fases que são naturais e necessárias e que muitas vezes se tornarão o melhor que nos pode acontecer.

        Se não há dor, não há ganho”, diz o fisiculturista. Isso não é verdade no reino espiritual também? Vejamos o que o autor da carta aos Hebreus nos ensina: que Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados (Hb 12.11).


Somente os verdadeiros filhos de Deus passam por sofrimentos, que são enviados e permitidos pelo Pai celestial. O termo traduzido como “disciplina” tem, no original, um parentesco com “ginásio de academia”, que indica um treinamento, com exercícios que produzirão bons resultados (KEPLER, 2019: p. 1962). 

 

Ronald A. Beers (2003: p. 1747), comentando este versículo, ressalta que podemos responder à disciplina de quatro maneiras: 

  1. Podemos aceitá-la com resignação; 

  2. Podemos aceitá-la com autocomiseração, considerando que realmente não a merecemos; 

  3. Podemos ficar irados e ressentidos em relação a Deus;

  4. Por fim, podemos aceitá-la com gratidão, como a resposta apro­priada que devemos a um Pai amoroso.

Vemos assim que, o caráter comprovado de um verdadeiro cristão, vem da perseverança nas provações da vida, pois como afirma o Apóstolo Paulo, seja qual for a adversidade que estivermos enfrentando devemos continuar expressando nosso louvor, mesmo que estejamos cheios de problemas, porque sabemos que os problemas podem desenvolver em nós paciência e como a paciência, por sua vez forja o aço temperado da virtude mantendo-nos atento quanto ao que Deus pretende fazer; desse modo, passamos a ter esperança. Com essa expectativa, jamais nos sentiremos enganados. A verdade é que nem temos como reunir todas as vasilhas necessárias para encher com tudo que Deus generosamente derrama sobre nossa vida, por meio do Espírito Santo (cf. Romanos 5.3-5). 


[...] O Espírito Santo sustenta a nossa vida e nos dá entendimento sobre as circunstâncias; assim, aprendemos a caminhar mesmo na adversidade. Note que estão previstas situações em que passaremos por sofrimentos, teremos de exercitar a paciência e manter a esperança, sempre garantidos pelo amor de Deus em vez de um castigo por erros cometidos - como era sobre a Velha Aliança -, os sofrimentos para quem está em Cristo, em paz com Deus, são utilizados para produzir mudança em nosso coração, enriquecendo de caráter, com incremento de perseverança/paciência, aprovação de Deus (experiências com Deus) e esperança, combinando em mais amor no coração (KEPLER, 2019: p. 1786).

 

Enfim, tenhamos sempre em mente que cada grande período de crescimento pessoal em nossas vidas e ministérios sempre serão precedidos por um grande período de testes, sendo assim comece a mudar hoje mesmo a sua percepção sobre o sofrimento pelos quais você tem vivenciado, procurando vê-los a partir de hoje como uma oportunidade oferecida por Deus a você, com a finalidade de fazer de você uma pessoa mais amorosa.


Orar:

 

        Senhor, submeto-me às tuas provas para poder chegar ao fim dos meus recursos e felizmente descobrir os Teus. Amém.

 

Referências:



BARKER, Kenneth, editor. Bíblia de Estudo NVI. São Paulo, Editora Vida, 2003.

BEERS, Ronald A., editor. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro, CPAD, 2003.

KEPLER, Karl H., editor. Bíblia de Estudo Conselheira. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2019.

MADALENA, Gabriel de Santa Maria. Intimidade Divina: meditações. 4ª ed., Paço de Arcos, Edições Carmelo, 1993.

PETERSON, Eugene H. Bíblia de Estudo A Mensagem. São Paulo, Editora Vida, 2014.






You Might Also Like

0 Comments

AUTOR

authorOlá, meu nome é Fabio José da Silva. Sou Blogueiro, Católico formado em filosofia e teologia. Meus assuntos de interesse neste blog são: Espiritualidade, Vida Monástica, Hesicasmo, Filosofia, Teologia e Catequese. PAX!!!
Saiba mais em nossas Redes Sociais →



Postagens Mais Visitadas

recent posts

Pinterest

Siga nosso Twitter

Curta nossa página no Facebook

Flickr Imagens

SIGA NOSSO INSTAGRAM