LITURGIA DOMINICAL # XXV DOM. TC ANO C
setembro 16, 2019LITURGIA DOMINICAL
- Atualidade das das palavras de Amós e das de Jesus.
Lemos na primeira leitura: "Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas".
Palavras ditas cerca de dois mil e setecentos anos atrás, mas que parecem ditas agora. O profeta Amós poderia repetir o que ele disse então. Parece que, ao longo dos anos, mudanças históricas, culturais e sociais não modificaram muito o comportamento humano. Pelo menos em relação a esse aspecto: querer sempre ganhar mais, mesmo à custa dos outros.
JOÃO PAULO II, em uma de suas viagens ao Brasil, disse que um sistema econômico que não cuida dos necessitados deixa uma parte da população desempregada - ou lhes dá um emprego com um salário que não chega ao mínimo. E um líder empresarial respondeu dizendo que as palavras do papa eram muito bonitas, mas irrealizáveis, porque as leis da economia os obrigam a se preocupar mais com dinheiro do que com os homens.
E tudo isso, a meu ver, nos leva a lembrar uma das afirmações fundamentais do Evangelho. O que ouvimos hoje como o fim do texto do evangelho. Palavras difíceis, mas também claras e fortes. Jesus disse - e nos diz hoje - "Você não pode servir a Deus e ao dinheiro".
-O dinheiro é sempre um perigo.
Palavras claras e contundentes, mas também palavras difíceis. Porque, quem dentre nós pode dizer com certeza que ele está livre deste intento - que Jesus Cristo desqualifica como impossível - de servir a Deus e ao dinheiro? Certamente, existem muitos graus - pelo menos - nessa tentativa de enganar para não parecer ruim com Deus, mas ao mesmo tempo para obter o máximo de dinheiro possível. Para obter mais dinheiro, as injustiças são cometidas, fecham os olhos para muitos aspectos das relações comerciais, comerciais e de trabalho. É o que o empresário brasileiro disse: as leis da economia nos obrigam a nos preocupar mais com dinheiro do que com os homens. E essa é uma triste realidade, tanto no nível da economia mundial quanto das grandes empresas, e no nível mais próximo da maioria de nós, de compra e venda, de trabalhar mais ou menos, de pagar mais ou menos, de ser honesto, ao pagar nossos impostos, vivendo como se o valor supremo fosse dinheiro.
E isso, devemos dizer claramente - como Jesus Cristo disse claramente - é um mal. Ninguém quer ser escravo de ninguém, mas facilmente caímos na tentação de ser escravo do dinheiro. E este é possivelmente o maior mal desta sociedade atual. Um mal que machuca a todos nós, que nos impede de viver como homens e mulheres livres, valorizando muito mais amor, convivência pacífica, compreensão e ajuda mútua, que não luta para ter mais e mais, enquanto outros têm cada vez menos.
A grande lição de Jesus é nos dizer que o dinheiro - embora necessário para viver - sempre inclui o perigo de escravizar, de nos tornarmos egoístas, de nos fecharmos aos outros, de nos obcecar.
É por isso que Jesus Cristo pensa e diz que os pobres - porque na verdade não são escravizados pelo dinheiro "divino" - estão muito mais próximos do Reino de Deus do que os ricos, que - por qualquer bem que tenham - são sempre muito mais perto da tentação de ser dominado pelo dinheiro "deus". E, lembre-se, eu não digo: Jesus diz.
-Sinceridade e valor.
Perante este problema, dada a fácil tentação que nos assola a todos, dado o perigo constante de ser escravizado pelo dinheiro, não posso oferecer soluções para todos. Porque a situação de cada um de nós é muito diferente e não há soluções que funcionem para todos. Embora seja difícil, parece-me que a questão levantada hoje pelas palavras de JC - "você não pode servir a Deus e ao dinheiro" - deve ser refletida com grande sinceridade por cada um de nós. Mas cada um deve dar sua resposta, não é possível dar respostas iguais para diversas situações.
A única coisa que eu ousaria dizer para todos é que devemos enfrentar essa tentação do dinheiro, reconhecendo que todos a temos. Isso é sério, que muitas vezes é o mais sério para a nossa vida cristã. E que, portanto, precisamos combatê-lo com grande sinceridade e coragem. Porque, se não o fizermos, pode facilmente acontecer que o nosso "Deus" seja o dinheiro e não o Deus do amor que Jesus Cristo nos revelou. O Deus do amor, da comunhão, de saber compartilhar, que celebramos nesta Eucaristia todos os domingos.
POR IR. TOMÁS DE AQUINO, OSB
ABADIA DA RESSURREIÇÃO, SETEMBRO DE 2019.
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