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PENSAMENTOS MONÁSTICOS # 02 - VIRGINDADE CONSAGRADA (I)

dezembro 05, 2019

A VIRGINDADE CONSAGRADA (I)

Em muitas concepções e experiências religiosas, a virgindade e o ascetismo foram percebidos e vividos como um modo de aproximar-se da divindade. Assim, tanto nas correntes religiosas do Oriente como do Ocidente, mesmo em certas filosofias, a virgindade tem sido vivida como uma forma de perfeição física e espiritual, como um modo de atingir certos graus da mística religiosa.
Desde os inícios do próprio cristianismo, havia dentro das comunidades cristãs, homens e mulheres que se sentiam chamados por Cristo a viver a virgindade, como uma imitação da própria vida de Cristo e Maria; Viver só para Deus com um coração virginal, no qual o único tesouro do coração seja Cristo. Imitando, assim, a própria vida de Cristo, pobre e humilde. Assimilando a vida de Cristo, na própria dimensão física e emocional de sua vida.
Deste modo, a virgindade cristã não é manter a continência corporal ou física, ou uma simples ascese ou penitência que acarreta o domínio das paixões; ao contrário do que outras filosofias ou experiências religiosas e espirituais advogaram. Vai muito além, é uma profunda experiência do coração, um modo de viver o amor e, portanto, de viver a própria humanidade, que transcende o puro elemento físico, mas que integra toda a pessoa humana.
A virgindade consagrada no cristianismo coloca Cristo como centro de toda a pessoa humana, sendo o coração, o interior, o profundo do coração, o intimo do que nos expressa como pessoas que se entregam somente a Cristo, sendo este, o único tesouro do coração, o único consolo dos afetos, internos e externos, isso implica uma dimensão física e sexual, onde todas as potencias humanas se integram no amor espiritual e emocional a Cristo.
A virgindade é uma forma de amor cristão, como também é o amor esponsal, o amor maternal e paterno ou a mesma caridade pastoral. Por isso, faz referencia a um outro, que é o próprio Cristo, e que engendra uma nova vida, uma vida espiritual, uma vida para a graça, uma vida ao amor na pessoa que a professa. Além disso, a virgindade é uma doadora de vida, imitando a maternidade virginal de Maria; a virgindade é capaz de gerar vida fraterna, compromisso vital, amor generoso e dedicado, especialmente para os mais pobres e necessitados; Ele é capaz de gerar misericórdia para com os pecadores, imitando o amor virginal de Cristo.
A virgindade conduz a uma felicidade e a uma realização de todas as ordens da pessoa humana, porque, sendo uma forma de amor humano, realiza ao ser humano que a professa em todas as suas dimensões psicológicas, emocionais, afetivas e sexuais; realiza tanto na ordem humana como na ordem espiritual. Tendo em mente que o espiritual não é estranho ao humano, mas que o espiritual é definidor e essencial no humano.
A consagração virginal não é uma realidade autônoma e autorreferencial, mas tem uma dimensão profundamente eclesial. Só podemos compreender plenamente o amor virginal à luz do amor esponsal do matrimônio cristão e, vice-versa, o amor esponsal do casamento cristão deve ser iluminado pelo amor virginal.
A virgindade cristã é um encontro com o mistério da cruz de Cristo, com a entrega de Cristo e em apenas viver para Cristo, isso implica um distanciamento da própria vida, das coisas do mundo e de todas as realidades que ligam ou aprisionam a existência humana. É a grande liberdade em Cristo.
A virgindade tem sua origem em uma vida profunda no Espírito, é um chamado ao coração; assim, uma espiritualidade profunda brotará da virgindade, cujo elemento fundamental é seguir a Cristo virgem por causa do Reino dos Céus; também, por um
profundo amor por Cristo que te salvou, carregando os pecados de cada ser humano e dando sua vida na Cruz, pessoalmente e por cada um. Lentamente, isso impregnará o cristianismo e o influenciará, dando origem a toda uma literatura com ricos elementos espirituais e ascéticos. Será considerada uma vocação especial na Igreja, com grande dignidade e veneração; aceita como um modo muito especial de entender e viver o Evangelho.
As virgens cristãs nos primeiros séculos eram consideradas como um grupo especial dentro da comunidade cristã, que poderia viver juntas, formando assim uma comunidade de vida, ou nas casas de seus parentes. Eles tinham um lugar reservado nos templos durante as celebrações litúrgicas. Com o tempo, apareceram orações e rituais de consagração, incluindo elementos distintivos no vestuário que as credenciavam como tais; bem como outras características materiais e espirituais. A verdade é que a virgindade cristã se converteu em uma realidade que amadureceu no cristianismo em importantes frutos espirituais.




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authorOlá, meu nome é Fabio José da Silva. Sou Blogueiro, Católico formado em filosofia e teologia. Meus assuntos de interesse neste blog são: Espiritualidade, Vida Monástica, Hesicasmo, Filosofia, Teologia e Catequese. PAX!!!
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